7 de fevereiro de 2010

Os Nomes das Coisas

Mal pensamos em definições, imaginamos salas pequenas e abafadas com demasiada mobília e um professor desgastado perto do quadro a recitar palavras difíceis de pronunciar, entrevendo discretamente o livro pousado à sua frente. Os alunos estão desinteressados: uns brincam, outros dormem, outros vão fazendo trabalhos de casa ― a professora de matemática não perdoa. Estão unidos no seu desinteresse.

As definições são úteis porque reúnem noções já conhecidas para que possamos, a partir delas, fazer novas descobertas. A um aluno que pergunte para que serve a noção de trabalho o professor tem uma boa resposta: vais conseguir determinar a partir daqui a variação da energia cinética.

A lição a reter é que as definições não são boas por si só mas apenas conforme forem úteis. Ensinar uma definição e nunca mais a usar é como comprar um aparelho caro de que não precisamos.

Acho que a imagem do primeiro parágrafo deve-se, pelo menos em parte, ao vício de se ensinar demasiadas definições. Parece haver a ilusão, sobretudo nas ciências sociais mas não só, de que etiquetar aquilo que nós intuitivamente já sabemos é algo urgente, sem o qual não podemos passar, não vá alguém duvidar da nossa autoridade científica por usarmos as palavras nos seus sentidos comuns.

Uma boa maneira de evitar isto é perguntar sempre, quando perante um novo conceito: "Para que é que isto serve?". Se nem nós, nem as pessoas à nossa volta souberem responder, o meu conselho aos estudantes é que não se preocupem com a inútil definição até que um dia encontrem a sua razão de ser; aos professores peço, se puderem, que não a ensinem.