22 de setembro de 2010

Física às Quartas 2010

A Sociedade Portuguesa de Física organiza, mais uma vez, um ciclo de palestras. Este ano, o tema das palestras insere-se mais nas áreas aplicacadas da física,como por exemplo, a nanotecnologia, a spintrónica e a óptica. A próxima palestra será no dia 29 de Setembro às 15h00 no Departamento de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da UP com o tema "Uma célula torna-se em duas: a maquinaria da mitose", que será dada por António José Pereira do Instituto de Biologia Molecular e Celular.

31 de março de 2010

LHC faz a sua primeira experiência a 7 TeV




Ontem, dia 30 da Março pelas 13 horas deu-se um momento histórico: a primeira experiência do novo acelerador de partículas do CERN. Segundo os técnicos, tudo correu na perfeição, não se tendo repetido o acidente de Setembro de 2008. Para quem não se recorda, este acidente deveu-se uma avaria no sistema de refrigeração, que causou o sobreaquecimento dos electroímans, o que estes perdessem as características de super-condutores. As reparações, que estavam previstas ser feitas em apenas dois meses, estenderam-se muito para além do prazo. Isto fez com que a data para o início das experiências fosse cada vez mais atrasada, primeiro para a Primavera de 2009, depois para o fim do mesmo ano, e finalmente para Março de 2010.
Agora só resta esperar pelos resultados dos testes para ver que segredos da Física serão revelados!

Alguns links de interesse:
http://press.web.cern.ch/press/PressReleases/Releases2010/PR07.10E.html
http://public.web.cern.ch/public/
http://lhc.web.cern.ch/lhc/general/history.htm

15 de março de 2010

O paradoxo dos gêmeos, consequência da teoria da relatividade.








Na teoria da relatividade, cada observador tem sua própria medida de tempo, isso leva ao famoso paradoxo dos gémeos.
Vamos imaginar que um dos gémeos parte para uma viagem espacial durante a qual ele viaja próximo à velocidade da luz, enquanto o irmão dele permanece na Terra. Por causa do movimento dele, o tempo passa mais devagar na nave espacial, em relação ao irmão na Terra.
Por simples lógica concluímos que o gémeo viajante ao retornar à Terra descobrirá que o irmão envelheceu mais do que ele.
Embora isto pareça contrariar o senso comum, várias experiências, bem como a teoria da relatividade, indicam que nesse cenário o gémeo viajante voltaria mais jovem do que o seu irmão.
Obviamente isto nunca foi testado porque para existir realmente uma diferença temporal perceptível a velocidade do viajante deveria ser próxima à velocidade da luz e durante um tempo considerável, e isso é impossível nos dias de hoje.

7 de fevereiro de 2010

Os Nomes das Coisas

Mal pensamos em definições, imaginamos salas pequenas e abafadas com demasiada mobília e um professor desgastado perto do quadro a recitar palavras difíceis de pronunciar, entrevendo discretamente o livro pousado à sua frente. Os alunos estão desinteressados: uns brincam, outros dormem, outros vão fazendo trabalhos de casa ― a professora de matemática não perdoa. Estão unidos no seu desinteresse.

As definições são úteis porque reúnem noções já conhecidas para que possamos, a partir delas, fazer novas descobertas. A um aluno que pergunte para que serve a noção de trabalho o professor tem uma boa resposta: vais conseguir determinar a partir daqui a variação da energia cinética.

A lição a reter é que as definições não são boas por si só mas apenas conforme forem úteis. Ensinar uma definição e nunca mais a usar é como comprar um aparelho caro de que não precisamos.

Acho que a imagem do primeiro parágrafo deve-se, pelo menos em parte, ao vício de se ensinar demasiadas definições. Parece haver a ilusão, sobretudo nas ciências sociais mas não só, de que etiquetar aquilo que nós intuitivamente já sabemos é algo urgente, sem o qual não podemos passar, não vá alguém duvidar da nossa autoridade científica por usarmos as palavras nos seus sentidos comuns.

Uma boa maneira de evitar isto é perguntar sempre, quando perante um novo conceito: "Para que é que isto serve?". Se nem nós, nem as pessoas à nossa volta souberem responder, o meu conselho aos estudantes é que não se preocupem com a inútil definição até que um dia encontrem a sua razão de ser; aos professores peço, se puderem, que não a ensinem.

16 de janeiro de 2010

Professores e Livros


A profissão de professor deve ser das mais incompreendidas. Toda a gente já teve professores, mas poucos já o foram. Vistos de fora, parecem todos iguais: seguros, demasiado exigentes, sempre entediantes, sempre com todas as respostas. Claro, nem todos os professores são iguais, mas a maneira como os alunos os entendem uniformiza-os. Têm uma imagem de marca.

O livro de Frank McCourt, o Professor, procura destruir este estereótipo. Contando a sua própria vida, o autor também nos dá a conhecer o que é a vida de professor, vista de dentro. Um professor não é nenhum autómato do conhecimento; é uma pessoa como nós quem está ali à frente, na sala, a falar sobre lamelas fotossintéticas. Também se aborrece, também tem amores e ódios e, muitas vezes, também gostaria de estar noutro lado. Mas o mais surpreendente é que também se assusta. Parece óbvio, mas, se reflectirmos, é trágico que aquele todo-poderoso sempre confiante também sofra por não saber se está a fazer bem o seu trabalho.

Uma das coisas piores nesta profissão é não se poder hesitar. Se há problemas, o professor que os resolva. Que fazer quando um adolescente se põe em cima de uma mesa e se recusa a descer dali ? Eu não sei, nem o professor sabe. Mas é ele que tem de resolver o problema e, apesar de estar tão às escuras como eu, tem de ser firme. Sempre foi assim ― mas era muito bom que não fosse.

Globalmente, a leitura foi divertida, a prosa leve e directa, o tema interessante. Recomendo o livro principalmente àqueles estudantes, como eu, que nunca ensinaram, e que, excluindo uns quantos preferidos, ainda olham às vezes para os professores como máquinas de filosofia, de literatura, de ciência, mas nunca como pessoas.

8 de janeiro de 2010

Superstição e Livros


A astrologia, a homeopatia, as conspirações de ovnis e a bruxaria no geral são por todos classificadas como imbecilidades, provas de que a humanidade ainda tem muitas coisas que corrigir. Quando se aborda o assunto numa conversa, todos concordam que isso é superstição, uma irracionalidade, que só os idiotas mais limitados, ou as pessoas com muitíssimo pouca instrução, é que podem alguma vez sequer pensar em procurar conselho junto dos videntes e seus primos astrólogos, homeopatas, médicos alternativos – e a lista continua.
Mas então, se as pessoas sabem que essas coisas não funcionam, como é possível que a superstição prospere?

Há uma boa explicação para uma amostra razoável destes casos. Consideremos um jogador de roleta numa maré de azar. Perde, perde e perde... devia ganhar mais vezes... mas volta a perder. A sorte não está com ele. Que fazer nestas situações extraordinárias? Recorrer a soluções extraordinárias! Sair do casino, virar à esquerda, falar com a bruxa, pagar à bruxa, fazer o que a bruxa manda. E depois jogar, ganhar. A bruxa acabou de ganhar um cliente fiel.

Existe uma explicação subtil da razão pela qual procurar conselho junto de fontes alternativas parece resultar em muitos casos como este. O nosso jogador só foi à bruxa quando as coisas lhe começaram a correr muito mal: perdia mais vezes do que na média. Só que, se perdia mais vezes do que na média, então os seus resultados tendiam a melhorar naturalmente, ajustando-se com este importante facto estatístico. Por muitas vezes as coisas melhorarem quando cedemos à superstição, isso não significa que ela resulte, porque normalmente as coisas melhorariam por si próprias.

Gostava de saber mais sobre estes assuntos e ler algumas histórias curiosas de física e de matemática? Então leia o divertido O Mistério do Bilhete de Identidade e Outras Histórias, do matemático português Jorge Buescu.