4 de janeiro de 2009

Máquina do mundo

E para começar o novo ano, mais um poema de António Gedeão: Máquina do mundo

O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.

Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.

António Gedeão, in Máquina de Fogo. Coimbra: Atlântida, 1961.

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